7 de março de 2011

Resenha do livro Tecnologias e ensino presencial e à distância- Vani Kenski





 







KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e à distância.-Campinas, SP:2003-(Série Prática
           Pedagógica) 5ª edição

A autora Vani Moreira Kenski  é graduada em Pedagogia e Geografia pela UERJ, doutora em Educação, pesquisadora do CNPq, orientadora de teses e dissertações no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP), coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Memória, Ensino e Novas Tecnologias (Ment) e autora de diversas obras entre elas Tecnologias e ensino presencial e à distância. O livro é uma série de reflexões sobre educação, tecnologias em diversas esferas da evolução da vida humana, a relação escola - tecnologias e as formas de aprender. A obra foi dividida em nove capítulos além da apresentação e considerações finais que apresentam sua experiência como palestrante, pesquisadora e, sobretudo, como professora.
Vani Kenski inicia o livro apresentando a tecnologia como parte inerente ao ser humano, desmistificando o conceito de tecnologia associada somente aos computadores. Apresenta um paralelo sobre a relação das tecnologias desenvolvidas em cada época histórica e a própria evolução humana. Explica que as TIC’s  articulam várias formas eletrônicas de armazenamento, tratamento e difusão da  informação,tornando-se midiáticas após a união da informática com as telecomunicações e o audiovisuais, fruto de uma extrema velocidade das alterações do universo informacional, que exige do homem permanente atualização para acompanhar as mudanças. Numa época de informações difundidas em diversos canais, a escola deixa de ser o único espaço de aprendizagem. A tarefa de ensinar e aprender possui novos ritmos e dimensões, sem necessariamente haver o deslocamento físico do estudante em direção ao saber. Exemplifica este pensamento com as escolas virtuais e os cursos on line, onde o conhecimento está disponível nas redes. A reconfiguração do ensino à distância e suas características são explorados pela autora. Em redes de aprendizagem não há barreiras físicas, assim, alunos hospitalizados ou impossibilitados de deslocamento físico, ou mesmo as dificuldades de localização geográfica tem as mesmas possibilidades de aprendizagem. A autora apresenta uma caracterização do conhecimento existente nas sociedades descrita por Pierre Lévy como oral, escrita e digital. Cada uma delas é descrita com destaque para a forma digital de aprender que rompe com a narrativa contínua e seqüenciada dos textos escritos por possuir temporalidade e espacialidade específicas de outro momento de pensar e compreender.
A autora destaca o papel do professor a quem deve ser dada oportunidade de conhecimento e reflexão sobre as possibilidades de situações didáticas com as tecnologias. Descreve os espaços físicos da escola presencial e caracteriza a escola virtual como fluida e mutante - um ícone de um novo tempo tecnológico do espaço educativo que tem o desafio de ser interessante e estimulante onde os educandos encontrem meios diversos para encontrar o conhecimento. A escola virtual amplia o espaço da escola presencial. Quando a autora trata da democratização do acesso ao conhecimento e às tecnologias, principalmente na rede pública, destaca uma questão importante: o propósito da escola é ensinar os alunos a lidar com o computador e a Internet ou ensinar com o computador? Responder a esta questão muda o foco da questão e remete a decisões pedagógicas que devem constar nas propostas e documentos que orientam o currículo da escola.
O professor e sua formação recebem um tratamento especial no livro, que elegeu a última década como o período do aprendizado técnico do docente porque foi quando os professores aprenderam a não temer as tecnologias e as inseriu nas atividades profissionais. Mas como as tecnologias se alteram em grande velocidade sempre há o que aprender. É necessário refletir sobre a nova prática docente para identificar fragilidades técnicas e possibilitar interação dos professores e dos alunos com as informações e conteúdos disponíveis nas mídias e nas redes. Ser pesquisador e se reinventar sempre. Destaca também a necessidade de interagir com outros ambientes fora da escola como museus, bibliotecas e demais espaços culturais para trocas educacionais. Kenski afirma que a lógica educacional que prevalece na sociedade da informação é de compartilhamento, integração, colaboração e participação entre pessoas e instituições e este novo paradigma exige do professor a redefinição do seu papel na escola e das escolas e sistemas de ensino uma nova forma de gestão e implementação de políticas não-excludentes.
Os conceitos e exemplos de conexão, colaboração, interação, comunidades virtuais de aprendizagem e cooperação são apresentados e dedica um capítulo para reportar-se ao livro didático na era digital, explicando que os hipertextos são repletos de possibilidades de aprendizagens e leituras diferenciadas.
O livro de Vani Kenski tem uma linguagem clara, mas como ele foi fruto da coleção de outras palestras e trabalhos já produzidos, alguns conceitos e reflexões são repetidos nos capítulos que também apresentam conclusões semelhantes. Mas na essência o livro revisita conceitos importantes na cibercultura e valoriza outras formas de aprender com interação fora da escola presencial.
A leitura é recomendada para professores, estudantes e pesquisadores do processo de aprendizagem mediados pelas tecnologias, principalmente educação online e a importância da Internet nos processos de ensinar e aprender.
         Susana Martins da Silva, estudante da especialização Educação e Novas Tecnologias- FACED-UFBA.